Noite Para os Tambores Silenciosos de Olinda 18 Anos

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WhatsApp Image 2019-01-16 at 12.33.11Noite para os Tambores Silenciosos de Olinda

Em Olinda, a presença das populações remanescentes do continente africano ocorreu ainda no século XVI, quando foram trazidos escravos da Guiné, por pedido de Duarte Coelho, para o trabalho nos engenhos. Esse contingente, que com o passar dos anos só cresceu, no início do século XVII construiu para seu uso a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, ali estabeleceu o seu local de reunião para efeito dos cultos da igreja católica, convívio da comunidade negra, troca de saberes e para a realização de suas festas profanas. Com a invasão holandesa, veio a debandada e muitos dos escravos foram para Quilombo dos Palmares, ficando tanto a Igreja como a própria Olinda abandonadas, mas em 1715 tinham negros já restaurado o seu espaço, sendo fundada a Confraria de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.
Das imposições do poder vigente e da resistência cultural dos negros, veio o sincretismo, que ajustou de maneira crioula os calendários e os ritos de origem africana. O Carnaval, festa do calendário cristão que precede a Quaresma e que é uma licença, uma pausa, é também um momento de expressão das culturas afrodescendentes.
Segundo Aneide Santana, historiadora, “é da década de 1990 a reativação e aparecimento em Olinda dos grupos culturais com produções artísticas inspiradas nas raízes de nosso povo. Esse movimento, já conhecido internacionalmente, bebeu muito nas fontes alimentadas pelo amor e obstinação dos afrodescendentes por suas culturas aliados especialmente a sua criatividade e adaptação. Por tudo isso se faz a festa, partilha-se o Largo do Rosário e tocam-se os tambores. A convocação é para todos que de alguma maneira se beneficiam desse acervo, ligados ou não a fundamentos religiosos, mas que fazem parte do movimento”.
Todos os anos, na semana que antecede o carnaval, acontecem em frente à Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, a Noite para os Tambores Silenciosos de Olinda, que se formou a partir de uma obrigação religiosas dos maracatus de Olinda. Contando com a participação dos grupos: Maracatu Leão Coroado, Maracatu Nação Camaleão, Maracatu Nação Badia, Maracatu Nação de Luanda, Maracatu Nação Maracambuco, Maracatu Nação Pernambuco, Maracatu Nação Estrela de Olinda, Maracatu Nação Tigre e Maracatu Não Sol Brilhante.
A celebração tem início com a concentração de todos os maracatus nos Quatro Cantos do Sítio Histórico de Olinda, de onde todos seguem em cortejo pela rua e largo do Amparo com destino a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Na chegada cada um canta algumas loas, dando espaço para o próximo, até a chegada do último quando se reúnem para realização do ritual religioso que começa a 00h00, com cantos africanos entoados pelo zelador de santo. Durante a cerimônia, a frente da igreja é banhada de perfume e, ao final, acontece um dos momentos mais emocionantes da cerimônia, o rufar dos tambores que permanecerão em silêncio durante a celebração, acompanhados da já tradicional queima de fogos.